sábado, 9 de junho de 2012

Existem graduações de pecado? (R. C. Sproul)

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Por: R. C. Sproul
Extraído de: Josemar Bessa


Eu hesito um pouco quando você me faz essa pergunta porque não tenho boas recordações em minha memória de ter respondido a essa pergunta no passado e com o fato de que as pessoas ficaram muito aborrecidas com o que eu disse. O que me confunde é que parece haver um grande número de cristãos que assume a posição de que não há graduação de pecado, que todo pecado é pecado e não há diferença entre pecado mais sério e pecado menos sério.


A Igreja Católica Romana historicamente faz uma diferença entre pecado mortal e pecado venial, o que significa que alguns pecados são mais hediondos que outros. Pecado mortal é assim chamado porque é suficientemente sério para destruir a graça salvadora na alma. Ele mata a graça, e por isso é chamado mortal.


Os Reformadores Protestantes do século XVI rejeitaram o conceito de distinção entre venial e mortal. Calvino, por exemplo, diz que todo pecado é mortal no sentido de que merece a morte, mas nenhum pecado é mortal, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo, no sentido de que ela destruiria a salvação que Cristo adquiriu para nós. Na reação protestante à distinção católico-romana entre pecado venial e pecado mortal, os reformadores protestantes não negaram as graduações de pecado.

Eles ainda mantiveram a noção de graus maiores e menores de pecado. O que estou dizendo é que, no Cristianismo ortodoxo, ambos, católicos-romanos e as denominações protestantes, assumem a posição de que há alguns pecados que são piores do que outros. Eles fazem essa distinção porque as Escrituras ensinam isso claramente.

Se olhamos para a lei do Antigo Testamento, vemos que algumas ofensas devem ser tratadas, nesse mundo, com a pena de morte, e outras com castigo corporal. Há distinção, por exemplo, entre assassinato e intenção criminosa ou premeditação e aquilo que chamamos de homicídio involuntário. Há pelo menos vinte e cinco ocasiões em que o Novo Testamento faz distinção entre males maiores e menores. Jesus diz, por exemplo, em seu julgamento: "quem me entregou a ti, maior pecado tem." (Jo 19.11).


Há evidência abundante nas Escrituras para insistir na noção de graduação de pecado. Não apenas isso, mas o simples princípio de justiça indicaria assim. Mas penso que as pessoas tropeçam nesse ponto por duas razões. A primeira é a afirmação de Tiago de que: "...qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos". Isso soa como se Tiago estivesse dizendo que se você diz uma mentira inocente, isso é tão ruim quanto matar uma pessoa a sangue frio. Mas Tiago realmente está dizendo que todo pecado é sério no sentido de que todo pecado é uma ofensa contra o legislador, de maneira que, no mais leve pecado estou pecando contra a lei de Deus.


Eu tenho violado todo o contexto da lei de diversas maneiras. Portanto, todo pecado é sério, mas disso não podemos concluir, logicamente, que todo pecado é igualmente sério.


As pessoas também se referem à afirmação de Jesus de que se você olhar para uma mulher com intenção impura, você já violou a lei contra o adultério. Jesus não diz que a luxúria é tão errada quanto o adultério em si. Ele está simplesmente dizendo que se você se abstém apenas do ato, você não é totalmente puro; há elementos menos importantes na lei que você violou.


Extraído de: Josemar Bessa